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Channel: sala da la
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“Começar de novo…”

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“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”, assim começa o terceiro capítulo de Eclesiastes, onde Salomão descreve a dinâmica da vida: buscar e perder, chorar e rir, prantear e dançar, falar e calar…
Faltou acrescentar: “tempo de confundir e tempo de esclarecer”. “Tempo de machucar e tempo de sarar a ferida”.
Por isso, recolhi-me. Calei-me, esperando as palavras certas, no tempo certo brotarem. Mas andam escassas; ou talvez não haja “palavra certa” pra definir, explicar certas coisas. Resta-nos usar as que sobram, torcendo para que, com sabedoria e sensibilidade saibamos escolher as melhores.
Clarice Lispector descreveu esse peso e responsabilidade, em “Um sopro de vida”:
“Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto — e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras — quais? talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo”.
Lancei uma pedra e há 6 anos pratico esse esporte radical que é expor mais que a cara, num diário virtual.
Gatinhos entraram e saíram da minha vida, filhos cresceram, um foi morar longe por 2 anos, voltou, namorando uma alemã, completei minha primeira maratona, emagreci 15 Kg, cozinhei um bocado, recebi amigos, compartilhei receitas, mudei a casa, mudei de casa, sorri, chorei, ultimamente, mais chorei do que sorri…
Não sei se é coragem. Alguns, julgam ser puro exibicionismo. Mas acredito ser essa espontaneidade que dá sentido, identidade ao blog.
Pretendia não só fazer um autorretrato, mas também inspirar, provocar reflexões, transformações.
Qual a “parte que me cabe neste latifúndio”, a marca a deixar nesse mundo, qual a missão a cumprir: são questionamentos que me faço, de vez em quando. Não sei se me saí bem como mãe, esposa, filha, irmã…Ando a me questionar, também.
Outro dia uma amiga, elogiando meus dotes culinários a outra pessoa, disse: “Tudo o que ela faz fica gostoso!” Agradeci o elogio fazendo um aparte:”É que só ofereço à degustação, a experiência que deu certo!” O que não deu, guardamos, não revelamos, ficamos com medo de contar os “fracassos”. É natural, instintivo: não queremos “manchar” a imagem expondo nosso lado “B”. Porque assim somos ensinados. Assim, o sucesso mostrado no mundo de Caras: todos felizes, ricos e realizados!
Na retrospectiva do Facebook, a frase mais usada: “Foi um grande ano!” Sou obrigada a discordar: 2014 foi um ano muito difícil! Até a Xuxa ficou desempregada!

Para esta que lhes escreve não seria diferente porque a La da Sala não é um personagem, não vive num castelo de revista.
Sou da opinião de que, se não há algo bom a falar, compartilhar, melhor calar! Mas às vezes, o silêncio grita aos ouvidos mais surdos.
É preciso coragem para admitir que falhamos, que choramos, que nos sentimos solitários, frágeis, às vezes.
Por isso, sento em frente ao notebook e tento fazer este, que considero meu post mais difícil. Escrevo, apago, reescrevo…
A sala e a La mudaram-se da casa para um pequeno apartamento. Com ela, apenas dois gatinhos recém-adotados. (E quem disser que separação é algo fácil de enfrentar, por favor, que nos conte o segredo, urgente!)

Uma experiência bacana recente foi aceitar o desafio de participar da primeira edição de 2015 da Revista AG, caderno especial de domingo do maior jornal do estado, A Gazeta. Todo ano a revista prestigia seus leitores fazendo deles repórteres por um dia. Dessa vez, os convidados foram 10 blogueiros do estado, cada um falando de um tema específico da sua área( moda, maquiagem, receitas saudáveis, pets, viagens…). A mim, coube a matéria com dicas de decoração.
AG
Voltei aos primórdios do blog, quando buscava ideias inspiradoras pra transformar minha casa. Agora, para organizar o apartamento.
A vida em ciclos, como nos versos de Salomão.
Se palavras me faltam, empresto, agora, as de Gonzaguinha pra dizer o que desejo a todos, nesse início de ano:
É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor…

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade…

É!
yoda
Em 2015… “Faça, ou não faça. Tentativa não há.” ( Mestre Yoda)

E que seja um feliz tudo novo!


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