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“Você tem fome de quê?”

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“O peixe morre pela boca”.
“Você é o que come”.
“Tem o olho maior que a barriga”.
Clichês, que expressam verdades.
Tendemos a transformar nossa relação natural com a comida nalgo complicado e patológico.
Comer é uma necessidade física; também, um ato social e cultural porém, comumente, deturpado: usa-se como moeda de troca, prêmio ou instrumento de tortura, ou autoflagelação.
Exemplo clássico é o da mãe desesperada, que leva a criança ao médico, porque: “ele não come nada, doutor!” Come chips, biscoito, x-burger, nuggets, bala…mas, insiste a mãe, “não come nada!”
Não precisa ser criança. Nem mãe manipulada.
Essa semana terminava meu almoço* num restaurante self-service, quando sentou à mesa ao lado uma senhora, acompanhada pela família( filhas e genros, deduzi). Tinha idade pra ser minha avó e aparência, não muito saudável( coisa que, só olho clínico explica!). O prato que montou pra si chamou minha atenção: um punhado de batata e banana fritas, macarrão e um pedaço de sardinha. Um prato cara pálida! Pra “compensar” pediu suco. No copo esguichou adoçante. Sim: esguichou, uma vez. Mexeu, provou, esguichou outra vez! “Ah, se fosse minha filha!”, pensei.
Às vezes demora uma vida inteira e, mesmo assim, alguns não ensinam, nem aprendem!
Alguns aprendem que, tomando aquele “shake” milagroso podem emagrecer a tempo de pegar uma praia, no verão! Verão passa e a comida volta a ser um problema. Não deveria.
Nem 8, nem 80! Equilíbrio é o ideal.
“Te fiz comida, velei teu sono
Fui teu amigo, te levei comigo
E me diz: pra mim o que é que ficou?”, cantava o Renato Russo, reconhecendo que, cozinhar também é um ato de carinho. Fazer comida saudável e gostosa, uma arte, que nem todos dominam.
Nigella Lawson é daquelas cozinheiras que amam comer! Tem uma relação voluptuosa com a comida. Imagino os filhinhos dela, reclamando: “Oh, mamãe! Não, não! Não aguentamos mais, toda essa comida deliciosa!” Dá-nos aquela sensação de que é chique comer, até lamber os beiços e os dedos! Eu a perdoo. Eu a admiro. Assim como Jamie Oliver e Rita Lobo, mostra que, cozinhar pode ser simples e prazeroso. Saudável, quando é possível.
Pensando em pequenas decisões que podem fazer grandes diferenças, há algum tempo evito comprar alimentos industrializados( principalmente: refeições congeladas, biscoitos recheados e embutidos). Descobri ser absolutamente possível viver sem isso.
Ultimamente, não tem me sobrado muito tempo pra testar novas receitas. Mas bateu uma vontade de comer uns biscoitos caseiros. Lembrei do cookie triplo de chocolate, da Nigella. Abri o “Nigella Express”, na página 211:
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Era perto da hora do almoço. Não teria muito tempo. Pareceu-me fácil. Bingo! E nessa que eu vou!
A receita pedia um chocolate com recheio de caramelo, o Crunchie, para a cobertura. Pensei numa possível substituição. Comprei Lollo. Testei um pedacinho. Pensei: “que espécie de mãe daria um doce, tão terrivelmente doce quanto este a seu próprio filho?!” Esse chocolate deveria ser proibido pela Anvisa! Deixei a ideia, a do Lollo, de lado. Optei por fazer o caramelo.
Em questão de minutos a massa estava pronta: meus bolinhos cresceram, cresceram, no forno…depois, desceram, desceram fora dele, até formar uma depressão, no centro, ideal para acomodar uma calda aveludada de chocolate com caramelo( e/ou, uma bola de sorvete, como queiram!) e castanhas.
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Quer tentar?:

BOLINHOS EXIBIDOS DE CHOCOLATE
100g de chocolate amargo com 70% de cacau( usei meio amargo)
100g de manteiga amolecida
200g de açúcar
4 ovos
50g de farinha de trigo
1/4 colher (chá) de bicarbonato de sódio
sal

Para a cobertura
150 g de chocolate meio amargo
1 cs de manteiga
2 barras de chocolate Crunchie em pedaços**

**Preparei o caramelo derretendo acúcar, até caramelizar, depois acrescentei creme de leite fresco. Deixei dissolver, mexendo, em fogo baixo. Arrematei, com o chocolate picado e a manteiga.
Não quer mais trabalho?: Use doce de leite( com, ou sem chocolate meio amargo derretido) como cobertura dos bolinhos.
Castanhas, ou pistache picados

Modo de Preparo:
Picar o chocolate em pedaços e derreter com a manteiga no microondas ou banho-maria. Assim que derreter, ponha a vasilha sobre uma superfície fria, para ajudar a esfriar o chocolate.
Bater os ovos e o açúcar até que engrossem e formem um creme pálido. Junte gentilmente a farinha, o bicarbonato de sódio e uma pitada de sal.
Misture o chocolate e então divida a massa entre 8 tigelinhas, ou ramequins.
Levar ao forno preaquecido, 180ºC, por 25 minutos.

Deite a cobertura sobre eles e salpique as castanhas.

Coma com moderação. Lambuze-se e seja feliz, sem!

*Curioso pra saber o que eu comia, no restaurante?: Um prato de salada crua, com bife.


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