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“A Datilógrafa”

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A-S-D-F-G…Virei fã do cinema francês, mais especificamente, comédia francesa.
Há algum tempo fiz aqui uma resenha sobre “O Pequeno Nicolau” e, posteriormente, “Potiche Esposa Troféu“.  Coincidentemente, dois filmes de época( anos 50), cheirando naftalina: fotografia, cenários, trilha sonora e figurinos pra amante de vintage nenhum colocar defeito! Assim como este último, que acabei de assistir: “A Datilógrafa” ou, como o título, mais ambíguo e menos óbvio em francês sugere, “Populaire”( uma das marcas de máquina de escrever, mencionadas no filme).

Classificado como “comédia romântica”, acho que não se enquadraria bem nem numa categoria, nem noutra. Não, ao menos, como estamos acostumados a ver no cinema americano. Daí, a (boa)surpresa.
Não espere gargalhadas. A graça está nas entrelinhas, situações, época( se comparada à nossa).  Época em que fumar era glamouroso e contestador e as mocinhas sonhavam ser, não modelos e artistas da Globo mas sim, secretárias.

O casal protagonista, Déborah François (Rose Pamphyle) e Romain Duris (Louis Échard) também foge à obviedade. O espectador, porém, é enredado de tal forma, que se sente cúmplice dessa história de amor nada comum.

Assim como a Elizabeth Benett de Jane Austen em, “Orgulho e preconceito”, Rose é uma garota à frente do seu tempo, apesar da aparente fragilidade. Disposta a investir no sonho de um futuro melhor, contraria a vontade do pai, dono de um mercadinho no interior da França, e segue para uma cidade maior, esperando seleção como secretária na agência de seguros de Louis Échard. É desajeitada para o cargo almejado mas, devido sua obstinação e poder de persuasão, além de um dom especial para datilografar a uma velocidade impressionante, acaba chamando a atenção do futuro patrão, um (ex) atleta nato. Como um “headhunter”, um descobridor de novos talentos, ele antevê no talento de Rose a possibilidade de ganharem o concurso nacional de velocidade datilográfica( acreditem: existia, àquela época). Evento tão importante, quanto um campeonato de MMA dos nossos dias! Rose só precisava aceitar ser “treinada” pelo seu chefe, de forma nada convencional, quase torturante!
Usar como pano de fundo da história um campeonato de datilografia, numa época em que máquinas de escrever são apenas peças de museu, pode parecer uma cilada de tédio. Enganam-se! “Populaire” prende, do início ao fim!
Tantos anos, desde o final dos anos cinquenta se passaram e, muita coisa não mudou: machismo, hipocrisia da sociedade, competitividade, falta de ética e, claro, o amor, afinal, estamos na França!


Atenção, senhores passageiros! Caso lágrimas brotem dos olhos ao final do filme, lencinhos deverão cair à sua frente!

( p.s. Havia escrito a resenha antes da maratona porém, houve um problema na hora da publicação e acabei perdendo metade do post, por isso, depois volto com as notícias da corrida.)


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